Thursday, February 4, 2010

Era uma “Igreja” muito engraçada…



Minha esposa tem o dom de design de interiores e ama construção, e sempre quando passa aqueles programas que reformam casas, ela fica sintonizada na telinha. Tem um destes programas que se chama Lar doce Lar, que me chamou muito a atenção, pois eles colocaram como tema do quadro uma música de Vinícius de Moraes, que diz assim:
“Era uma casa muito engraçada
não tinha teto não tinha nada
ninguém podia entrar nela não
porque na casa não tinha chão
ninguém podia dormir na rede
porque na casa não tinha parede
ninguém podia fazer xixi
porque pinico não tinha ali
Mas era feita com muito esmero
na rua dos bobos, número zero”
Um dia, comecei a prestar atenção nesta canção, que foi composta a tantos anos atrás, e se você tem mais de 30 anos se lembrará dela, pois foi cantada em programas na TV e rádios por todo país. Eu já não assisto mais filmes ou ouço músicas simplesmente por ouvir e com esta canção não foi diferente. Na letra, Vinícius de Moraes fala de uma casa que não tinha teto, não tinha nada, não tinha vaso no banheiro, nem paredes, e a parte mais interessante é que apesar de não ter nada dos componentes de uma casa, ela era identificada como uma casa, e mais, era bonita e vistosa, pois tinha sido feita com muito esmero e atenção aos detalhes. Ouvindo esta canção por um tempo, já que ela assiste a quase todos os programas comecei a pensar na instituição chamada igreja.
Comecei a fazer um paralelo sobre a casa e a “igreja” – Igreja instituição é claro pois estamos da mesma forma e tristemente ainda somos identificados como igreja, não temos teto, não oferecemos abrigo ao necessitado, sem teto não temos como receber uma instrução correta do alto e canalizar, nem um chão temos, nossa teologia esta cada dia mais confusa, coisas da pós-modernidade. Quando eu ainda estava nos EUA um amigo me disse “Eu me converti numa igreja Batista Pentecostal!”E eu insistia em dizer: Batista pentecostal? Mas isto não existe! Para mim ser Batista e ser pentecostal era duas coisa distintas e impossível de conceber, afinal fui criado num meio Batista (sic) e sei o tanto que eles rejeitam o pentecostalismo.
Para mim era como dizer que havia encontrado um óleo aguado, visto que óleo e água não se misturam. E ele meio irritado me dizia que existia sim, e depois que retornei ao Brasil eu pude ver a salada que há nas placas e nas doutrinas das igrejas aqui no Brasil(?), me perdoe Sérgio por minha falta de entendimento nesta questão, mas eu já estava fora do Brasil por muitos anos e a referência que eu tinha era diferente. Batista pentecostal, Assembléia de Deus Batista e não para por ai. A mim isto revela falta de raiz, me revela falta de fundamento, falta de identidade e revela os efeitos da pós modernidade. Conversando com um conhecido, pastor de uma igreja B……. (?), ah! deixa para lá,  eu o perguntava sobre a visão do ministério dele, pois ele sempre exaltava algumas atitudes dos mais tradicionais e ou dos mais pentecostais e ele me respondeu sobre a “visão” dele: A minha visão é estar em paz com todas as denominações! Isto quando não dizia que tinha várias visões kkkkk. Talvez a “unção da Aranha” que apesar de ter normalmente oito olhos não tem uma boa visão. Ela simplesmente vê vultos pois a visão é turva.
Com estas respostas ele só me confirmava sua falta de identidade e o quanto estava e ainda está perdido no ministério o que realmente é uma pena, pois tem muito talento. Sem chão, sem fundamento, sem raiz. Depois que entendi que Jesus veio estabelecer o reino de Deus me afastei das denominações, e sinceramente não gosto de nenhuma delas, pois só causam divisões, dissensões e o corpo de Cristo que fuja destes rótulos, pois é coisa de homens. E a canção continua dizendo que na tal casa ninguém podia dormir na rede, pois parede também não tinha e parede é algo usado para demarcar, para limitar, para proteger contra invasores externos.
Nos tempos de hoje os invasores entram pela porta com títulos de missionários, pastores, apóstolos, bispos, “serafins” e como dizia o meu professor de Homilética no seminário, “Surubins”. Um monte de pessoas com títulos dos mais diversos, vindo não se sabe de onde, endossados não se sabe por quem, simplesmente aparecem indicados por outro “pastor” e semeam tudo quanto é heresia no seio da igreja, mas é claro, ali não há paredes – qualquer um pode entrar.
Um detalhe sobre estes ditos pregadores que caem de pára-quedas na igreja local é que eles pregam doutrinas, pois não conhecem o reino, aliás poucos dentro das “igrejas” conhecem o reino de Deus.  Na tal casa cantada por Vinícius de Moraes não tinha nem vaso no banheiro, as mínimas necessidades humanas não eram atendidas, a tal casa não atendia ao propósito para a qual ela tinha sido “construída”, mas mesmo com todas estas debilidades ela era reconhecida como casa e era vistosa, construída com muito esmero.
Infelizmente temos muitas necessidades, muitas “igrejas” e o que era para ser a grande comissão tem se tornado a grande omissão. Não temos amparado ao necessitado, não temos dado de comer ao faminto e nem de beber ao sedento. Com certeza não somos salvos pelas obras, mas somos salvos para as obras.
Com tantas igrejas fora do foco os problemas só tendem a agravar. De que adianta “sermos”
30 e tantos milhões e não fazermos a diferênça?
Talvez devêssemos começar a cantar: Era uma igreja muito engraçada, não tinha teto não tinha nada …
Pr. Carlos Rizzon
www.igrejaurbana.org

1 comment:

Carlos Ramalho said...

Realmente algo muito interessante pela sua abordagem. Na verdade enquanto não derrubarmos as paredes que nos delimitam enquanto "denominações" deixaremos de cumprir o nosso papel principal, ou seja, salvar vidas, levar JESUS.

Abs,

Carlos Ramalho
www.carlosramalho.com.br